Thursday, October 03, 2019

“Não se festeja a morte de ninguém”, entrevista a Pepetela | BUALA

“Não se festeja a morte de ninguém”, entrevista a Pepetela | BUALA





Acaba de publicar ‘A Sul. O Sombreiro’, no qual se debruça, uma vez mais sobre a religião. É um homem religioso?
Não. Não acredito em forças sobrenaturais. Acredito apenas no homem.
E continua a acreditar? Ou tem tido muitas desilusões?
Acredito. Tenho tido grandes desilusões e, caminhando para velho, estou mais céptico. Era extremamente optimista em relação à humanidade, hoje sou menos. Repetimos sempre os mesmos erros. Parece que a humanidade não aprende. Quando me perguntam como vai ser o futuro respondo: o futuro vai ser como foi hoje ou como foi ontem.
Mas ainda não perdeu o optimismo?
Não completamente. Há sempre uma esperança de que se descubra uma fórmula que faça com que todo o mundo viva de forma mais pacífica. Mas para isso é preciso que todos vivam melhor.
Acredita que se vai lá chegar?
Até agora ainda não se encontrou a fórmula. É preciso encontrá-la para se chegar a uma sociedade mais igualitária, com menos diferenças e tensões sociais. Houve tentativas, mas fracassaram.
Quando percebeu as injustiças da sociedade angolana?
Cheguei a Portugal com 17 anos. Já achava que a sociedade angolana era muito injusta, com problemas de racismo. Tinha tido conversas sobre a necessidade de mudar mas não sabia como.
Testemunhou de perto esse racismo?
Vivi em Benguela, a melhor cidade nesse aspecto. Mas quando fui estudar para o Lubango senti a diferença. Sobretudo na segregação racial. Via como os meus colegas negros eram tratados. Quando fui para Portugal já havia lá gente muito politizada. Percebi que Angola e Portugal eram entidades diferentes e que era preciso independência. Quando começou a luta armada, pronto, era o caminho.
Nasceu em Benguela em 1941, filho de portugueses há muitas gerações em Angola. Por que diz que a cidade era diferente no que toca a racismo?
Era uma cidade muito particular. Metade da população era mestiça, estabelecia relações. Na escola tinha companheiros de todas as cores. Havia racismo, claro, mas havia uma maior integração da população. As outras cidades eram piores. A maioria da população do Lubango era branca. Passava férias no Huambo e íamos em grupo para a piscina. Não nos deixavam entrar. Diziam: ‘Tu e tu podem, os outros não’. Eram mestiços ou negros.
Sentia-se angolano mas era branco. Isso causava alguma confusão identitária?
Eu não tinha dúvidas: aquela era a minha terra. Viva na última casa da cidade branca, para a frente havia a sanzala. No meio havia um terreno onde jogávamos todos futebol juntos. Sempre convivi com gente da sanzala e da cidade branca. Uns jogavam futebol descalços, outros calçados. E os que jogavam calçados tinham o cuidado de não magoar os outros.
O que faziam os seus pais?
O meu pai era guarda-livros. Depois arranjou um sócio e fizeram uma peixaria que foi à falência. E voltou a ser guarda-livros até deixar de trabalhar. A minha mãe queria ser professora mas nunca saiu de casa. Casou cedo.
Quando a guerra eclodiu estava em Portugal. Daí foi para Paris e, depois, já como militante do MPLA, para a Argélia, onde esteve muitos anos.
Entre 1963 e 1969. Fui com uma bolsa de estudos. Tínhamos lá um centro de estudos angolanos e uma delegação do MPLA. Quando acabei de estudar comecei a trabalhar para o Governo, e nunca mais de lá saía. Era uma questão de cor. O MPLA tinha medo de enviar brancos para a guerrilha porque não sabia qual seria a reacção da população: branco é filho de colono. Era preciso trabalhar as populações para nos aceitarem. Isso foi feito e em 1969 chamaram-me.
Trabalhá-las como?
Explicar que a nossa luta não era contra os colonos, nem contra pessoas mais claras, mas contra um sistema que tinha que acabar, contra o colonialismo. Foi preciso provar que servíamos para alguma coisa: cometer o mínimo de erros possível e arriscar mais do que o necessário.
Foi então para a luta armada e esteve na guerrilha cinco anos. Como é que se pega numa arma pela primeira vez?
 Quando peguei na arma para participar no combate ainda não tinha tido treino militar, só tinha visto a guerra no cinema. É um bocado complicado. Achei que aquilo era pesado demais, incómodo. Nem deu tempo para experimentar, foi já em acção que comecei a carregar no gatilho. Nem sei se acertei nalguma árvore. Via-se pouco, muito mato, muita confusão. Mas meteu medo. A adrenalina sobe e depois a pessoa não sente mais nada.
Pepetela foi guerrilheiro durante a guerra pela Independência. Depois pousou a arma e dedicou-se ao ofício de escritor.Pepetela foi guerrilheiro durante a guerra pela Independência. Depois pousou a arma e dedicou-se ao ofício de escritor.
Tinha familiares no outro lado?
O meu irmão mais velho já tinha saído da tropa e dificilmente seria chamado de novo. Mas tinhas primos. Pensava que um dia nos íamos cruzar. Mas as coisas eram tão rápidas que nem dava para perceber. Eram raras as situações que davam para ver caras. Quando acabou fizemos um balanço entre primos. Andámos nas mesmas zonas em épocas diferentes. Nunca houve o perigo real de nos cruzarmos. Mas podia acontecer. Dizia: paciência, é o inimigo. Se eu não disparar, ele dispara.
Não houve ressentimentos familiares?
Não. Continuamos grandes amigos.
Além de guerrilheiro, foi responsável pela educação…
Tentei fugir mas sempre me impuseram a educação. Diziam que era o mais capaz. Andava de escola em escola, a ver as dificuldades, a apoiar os professores e a fazer relatórios para o MPLA.
Quais as maiores dificuldades que encontrou nas escolas?
Falta de material, falta de comida. Os alunos vinham das aldeias quase nus e nitidamente com fome.
É quase impossível aprender assim.
Mas aprendiam. Faziam cinco anos de escola e os melhores conseguiam bolsas de estudo para ir para o exterior. E formaram-se. É porque aprenderam alguma coisa. Também me ocupava da organização das populações em comités, da formação política dos guerrilheiros… E havia os combates. Ora provocados por nós, ora provocados pelo outro lado.
Entretanto a guerra acaba e vai para Luanda com a primeira delegação do MPLA, assumindo a pasta da Educação.
Estava destinada.
Por que não a queria?
Queria fazer outras coisas, não aquilo.
O quê?
Se tivesse podido escolher, seria militar. Gostava muito de estratégia. Mas claro que o que eu queria era ser escritor.
Nessa altura já escrevia?
Sim, já tinha escrito vários livros. Uns deles perderam-se. Ainda bem, não prestavam para nada.
Durante a guerrilha escreveu os seus primeiros livros, entre os quais ‘Mayombe’. Como articulava luta e escrita?
Escrevia à noite, quando os companheiros estavam a dormir ou a conversar. Se estivéssemos numa cubata, ficava com o candeeiro. Se não escrevia à luz das chamas da fogueira.
Como surgiu a vontade de escrever?
O Mayombe começou com um comunicado de guerra que fiz para a rádio. Achei-o tão interessante que o continuei, já com personagens. Tirei a primeira página, que enviei para a informação, e depois continuei. Na fronteira tinha mais disponibilidade, podia escrever de dia. Dizia aos meus companheiros: estou a escrever para perceber o que estou a fazer, estou em busca da realidade.
Escrevia para perceber o mundo?
Pois. Ainda é importante.
Um dos principais escritores de língua portuguesa, Pepetela, convive com leitores e com outros escritores também envolvidos politicamente, como Manuel Alegre.Um dos principais escritores de língua portuguesa, Pepetela, convive com leitores e com outros escritores também envolvidos politicamente, como Manuel Alegre.
Depois integra o primeiro Governo de Agostinho Neto. É aí que vai viver o episódio mais polémico da sua vida.
Passo a vida a falar nisso…
Foi acusado de estar envolvido no 27 de Maio, na ‘Comissão das Lágrimas’.
Isso nunca existiu.
E de ser um dos inquisidores que torturaram os envolvidos no suposto golpe.
Sobre isso já respondi. A minha participação foi apenas de informação. Há uns que acreditam, outros que não acreditam. O problema é deles. Eu não falo muito sobre isso, não quero falar, não gosto de falar. Porque quem sabe a verdade, quem sabe de tudo o que se passou, é o MPLA. É [o MPLA] quem tem que pôr isso no papel. Tudo o resto, tudo o que se escreve ou que se diz, é especulação. É ver só de um lado ou ver só do outro lado. Quem pode juntar o material suficiente e explicar [o que aconteceu] é o MPLA.
Guardou silêncio muito tempo mas há uns anos afirmou nunca ter participado na repressão. E que devia ser o MPLA a defender o nome dos que o serviram.
Acho que é o MPLA que tem que esclarecer. Eu só posso contar a partir de certos episódios. É a árvore, não é a floresta.
Mas por que não fala? Acha que não é o seu papel?
Não, não é. Há muita coisa que eu não conheço. Vim a saber há pouco tempo que havia várias comissões, por exemplo. As pessoas do outro lado, que sofreram a repressão que existiu, confundem tudo numa mesma comissão.
Trabalhava na área da comunicação. Diz que fazia parte do seu trabalho ver depoimentos para serem vinculados pelos órgãos de comunicação?
Sim, para serem publicados.
Não sabia o que estava a acontecer nas outras salas?
Nem era naquele local. Não se sabia… Havia zunzuns, havia muitos presos, era o que se sabia. Pensava que ia haver um julgamento, como tinha havido para os mercenários. Afinal não houve julgamento nenhum.
Lamenta esse período? Acha que devia ter sabido mais?
Sim. Toda a gente devia ter sabido mais. E parado imediatamente os abusos que houve.
Foi por isso que abandonou o Governo para se dedicar à escrita e ao ensino?
Não. Esse foi um dos pontos que me entristeceu. Mas, fundamentalmente, queria escrever.
Quando pediu a demissão?
Em 1978 ou 1979. Quando [Agostinho] Neto ainda era vivo, falei com ele, disse-lhe que queria ser escritor, que tinha que sair das funções oficiais para me dedicar a outra coisa, para viver outra coisa e para escrever. Disse-me para esperar, que ainda era cedo, não estava nada consolidado. Depois morreu. E eu não ia chegar logo ao novo Presidente e dizer que queria sair. Aguentei um ano. Depois escrevi-lhe. E ainda demorou cerca de um ano até me libertarem.
Abandona o Governo em 1982 para se dedicar à escrita. Ficou só a escrever ou começou logo a ensinar?
Fiquei um ano só a escrever o Yaka. Estava com uma hérnia discal. Tive que escrever de pé. Só podia estar de pé ou deitado: sentado é que não. Ficava uma hora, hora e meia a escrever. Depois deitava-me meia hora a pensar no que tinha escrito e no que ia escrever. Escrevia umas cinco, seis horas por dia.
Quando começa a dar aulas de Sociologia?
Um ano depois, no curso de Arquitectura e Urbanismo. Foi bom.  Permitia-me estar constantemente em contacto com a juventude. Agora há coisas que já não compreendo porque deixei de dar aulas.
O quê?
Ainda não entrei bem naquilo a que chamo a Geração do Kuduro. Havia a Geração da Utopia, a Geração do Desencanto, agora há a Geração do Kuduro. Ainda não entendi a necessidade de [usar] linguagem extremamente agressiva e, entre aspas, mal-educada. Compreendo as razões, mas não compreendo os meios. Se estivesse na universidade teria mais conhecimentos.
Quando deixou de dar aulas?
Há dois anos.
Porquê?
Estava cansado. Perdia mais tempo no trânsito do que nas aulas. E comecei a sentir que o nível de compreensão por parte dos estudantes ia diminuindo, o ensino estava cada vez pior nas primeiras classes. Havia uma degradação desde 1980, que atingiu o insuportável quando começaram a chegar estudantes ao 3º ano da universidade que nunca tinham lido um livro. É demais.
Estava a dar aulas e a escrever quando eclodiu a Guerra Civil. Viveu-a sempre à distância?
Sim. O mais perto que estive foi nos três dias de combates em Luanda, em 1992.
Já estava completamente afastado da política e da guerrilha?
Completamente. Não me interessava fazer política. Nunca me interessou, era forçado a fazê-lo. Mas claro que sigo com interesse a política de Angola e do mundo inteiro.
Como é que um ex-guerrilheiro vê a guerra a passar-lhe à porta de casa?
Tinha um livro que estava parado, sobre a guerra vista por quem a sofre e não por quem a faz. E estava bloqueado. Foi preciso essa guerra para mais tarde, quando comecei a assimilá-la, desbloquear o livro.
Porquê?
Precisava de estar na posição de quem sofre a guerra sem a poder controlar, no sentido de ter informação, de saber o que se está a passar. As balas passavam e eu não sabia se eram balas amigas ou inimigas. Se é que tinha algum inimigo.
Qual era a sua posição?
Embora crítico, estava mais próximo do MPLA do que da UNITA. Sabia que seria um desastre se tomasse o poder.
Como viu então o fim da Guerra Civil?
Com um alívio tremendo. Todas as famílias tinham um filho que tinha estado na guerra, um que estava e outro que queria estar.
O Pepetela tinha alguém?
Familiar directo não, mas tinha amigos, filhos de amigos.
Onde estava quando Savimbi morreu?
Em Luanda. Já tinha ouvido um mujimbo duas ou três horas antes do comunicado oficial, que saiu às oito da noite. Eu ia para um jantar, com um grupo de amigos. No jantar houve uma certa cena de hipocrisia. Não queríamos rir nem festejar, mas estávamos todos bem-dispostos, aliviados e satisfeitos. Mas ninguém falou sobre a notícia do dia. Não se festeja a morte de ninguém.
Como é possível que ninguém tenha falado no assunto?
Acho que todos tivemos a mesma sensibilidade. Falámos da vida, disto e daquilo, evitando tocar no assunto.
Em 1997 ganhou o Prémio Camões, o mais importante da língua portuguesa. Foi o primeiro escritor angolano, e o segundo africano, a ganhá-lo. O prémio contribuiu para projectar a literatura angolana?
Para fora não. Mesmo para o Brasil teve pouca importância. Em Portugal chamou a atenção para a importância da literatura angolana e africana. Isso foi bom. Foi mais fácil para os angolanos publicarem em Portugal. Mesmo assim, poucos tiveram essa sorte.
Esteve envolvido, em 1975, na criação da União dos Escritores Angolanos (UEA).
Um mês depois da Independência. Foi a primeira associação a ser criada em Angola.
De quem foi a ideia?
Do Luandino Vieira. Depois fomos cinco a escrever a proclamação: o Luandino, o Costa Andrade, que já faleceu, o Arnaldo Santos, o Manuel Rui Monteiro e eu. Quando a começaram a discutir eu ainda estava na guerra, em Benguela. Depois da independência arrumei a arma e nunca mais lhe peguei. Hoje em dia até sou contra os caçadores. Sou muito ecológico [risos]. O Luandino perguntou-me se me juntava a eles. Disse logo que sim. Foi a primeira grande editora angolana. Como havia subsídios, o livro custava o preço de uma banana.
Quando foram os subsídios revogados?
Com a mudança económica, a partir de 1990, deixou de haver subsídios e a UEA deixou de ser editora, não tinha dinheiro. E o preço dos livros disparou.
Para quantas bananas?
Ui… Mais que um cacho. Mas o cacho também estava caro, estava tudo caro. As tiragens caíram a pique e começou a ser difícil ser publicado. Nessa altura comecei a ser editado em Portugal. Mas não era em Angola. Quando voltei a ser, nos finais dos anos 1990, tinha muitos livros em atraso. Só no ano passado é que se conseguiu recuperar e fiquei com todos os livros publicado em Angola.
Foi talvez essa interrupção na edição que justifica que existam poucos novos escritores angolanos…
Até hoje alguns ainda têm dificuldade [em publicar].
Editam-se poucos livros…
O livro é muito caro e as editoras não arriscam. Só publicam aqueles que têm a certeza que vão vender pelo menos 1.000 ou 1.500 exemplares. Alguns autores conseguem arranjar um patrocínio, de um banco ou empresa, que paga parte da edição, e aí a editora publica com tranquilidade porque já não perde dinheiro.
Como vê a nova geração da literatura angolana?
Que se tenham afirmado mesmo haverá meia dúzia [de escritores]. Aquela promessa que havia nos primeiros anos, de ter uma literatura com muitos nomes pujantes, ainda não se realizou.
O que falhou? Disse que deixou de dar aulas porque a educação era má nos primeiros anos. É esse o problema?
Toda a gente quer escrever em português, mas os escritores, sobretudo os mais jovens, têm problemas com a língua portuguesa. Não manejam bem o instrumento. É um português estropiado. Para se escrever em português é preciso ler e estudar muito. Depois haverá outras [barreiras], como o preço do livro. Mas todos os anos saem primeiros livros. A UEA tem feito esse papel.
Quando começou a sua actividade de guerrilheiro escolheu o nome de Pepetela como nome de guerra.
Escolheram-me.
Significa Pestana.
Exacto.
Por que decidiu assinar com ele os seus livros?
É muito mais sonoro e mais bonito que Artur Pestana.
Como o tratam os amigos?
Por Pepe. Mesmo a família, até a minha mãe. O meu pai nunca conseguiu.
Depois da Guerra da Independência e da Guerra Civil, como vê estes anos de paz?
Houve grandes avanços nalguns campos, noutros avançamos pouco. O país está a crescer economicamente, está a conseguir repor infra-estruturas fundamentais e tem havido crescimento económico. Mas não tem havido suficiente desenvolvimento humano. Há uma grande precariedade nas condições de vida. Metade da população é pobre. Está-se a crescer em termos de educação, mas ainda não conseguimos pôr todas as crianças na escola, o que deveria estar feito há muito tempo. Conseguimos isso em 1980 e depois houve um retrocesso. Avançou-se no campo da saúde, com uma diminuição da mortalidade em geral e da infantil em particular. Mas há ainda uma grande diferenciação social. Há uns poucos que são muito ricos, e que gostam de mostrar que o são, e uma grande maioria da população que é muito pobre. Há ainda um grande caminho a percorrer. Devia-se ter andado mais depressa nesse sentido. Há dinheiro mal aplicado e os mais fracos pagam sempre. Mas não é só aqui. É igual em todo o mundo.

Este texto resulta da entrevista concedida por Pepetela a Rita Silva Freire. As fotografias, actuais, ficaram a cargo de José Sérgio. A entrevista foi originalmente publicada na Revista Caju, no dia 30 de Dezembro de 2011.

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